quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Estudantes de jornalismo debatem obrigatoriedade do diploma

Mitsi Coutinho Lages


Partindo do conceito de que "o diploma presume o conhecimento", o desembargador Antônio Álvares da Silva estimulou estudantes de jornalismo a lutarem por essa prerrogativa da profissão quando afirmou: "Vocês jornalistas têm que pressionar o tribunal para a decisão da sentença". Para ele, a juíza de São Paulo teve apenas um raciocínio de conveniência quando decidiu contrariamente a essa exigência. Durante exibição de vídeo, o jurista esclareceu que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as atribuições estabelecidas em lei, para o que são previstos três tipos de qualificação: técnica, científica ou cultural.

Antônio Álvares propôs indagações: "E a formação da notícia? E os editoriais, como ficam? Esses últimos - afirmou, são altamente educativos, porque são lidos pela elite formadora de opinião. Vejo o jornalismo não como o quarto, mas como primeiro poder, tal é sua perspectiva de informar à nação". Dentre os argumentos favoráveis à não exigência, citou o que primordialmente considera ridículo, quando se afirma que o diploma é elitista. Além desse, há o que prescreve que o exercício do jornalismo não exige conhecimento especial, bastando ler e escrever.

O desembargador lembrou que os antagônicos ao diploma também se apóiam no fato de que o Brasil é dos poucos países que fazem essa exigência, mas afirmou que tanto a Rede Globo como a Folha de São Paulo não cometem a insanidade de manterem amadores em seus quadros de funcionários.

Ainda na Semana da Comunicação da Faculdade Estácio de Sá, em Belo Horizonte, falou o jornalista Robson Leite, dos Diários Associados. Para ele, "o estudante de jornalismo de hoje já está sabendo da necessidade de estar 'por dentro' das várias mídias e como futuro profissional será um produtor de conteúdo que vai lidar com som, imagens, fotos, textos, internet, portais e sites". O palestrante abordou a questão da ética que no momento exige reflexão mais profunda, quando lembrou que, muitas vezes, é abandonada por jornalistas em prol da venda, como no caso de seqüestros, suicídios e violência doméstica. Robson afirmou que "o alvo do jornalista não é ele mesmo, nem o que é capaz de produzir: deve ser o outro, a sociedade mais justa, com informação de qualidade".

Quando Lúcio Pérez discorreu sobre sua atividade à frente da assessoria de comunicação da Assembléia Legislativa do Estado, afirmou que é partidário da setorização dos jornalistas, porque se tornam verdadeiros especialistas em assuntos. Ele aconselhou os estudantes a dirigirem seu olhar para os concursos das assessorias, que "geralmente pagam bem e oferecem melhores horários de trabalho que as redações".

Também como pauta da semana Maurilo Andreas falou de publicidade e afirmou que "se o profissional conseguiu chamar a atenção para a marca do produto já fez grande coisa". Andreas alertou sobre a necessidade das pessoas em dividir o tempo, o seu dia em várias mídias, porque comunicar com eficiência, hoje, "pressupõe criar mensagens que perpassam meios".

Ouça, a seguir, comentário da autora.





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